27/02/2009
Gostava de...
Gostava de poder sair e apanhar sol, gostava de poder ter os amigos ao pé, gostava de poder saber para onde ir sem correr o risco de me perder, gostava muito de conhecer mais pessoas e gostava que os ingleses fossem mais portugueses...
Faz amanha 7 meses que cheguei com os meus filhotes a Inglaterra e nao posso dizer que o saldo é negativo (muito pelo contrário), mas, de facto, a minha vida deu uma volta de 180 graus e sou uma nova pessoa. Gostava de poder ser mais um bocadinho da pessoa que deixei em Portugal.
Deixei a minha alegria, a minha forca, a minha vontade... Mas porque acontecem estas coisas? Porque acontecem quando mais precisamos delas?
Sempre quis estar mais perto dos meus filhos, de os acompanhar, de os ajudar a comecar a caminhar pela vida, de ve-los crescer e tornarem-se homens fantásticos e felizes. Nao queria mais perder pitada deste processo. Entao porque nao estou a sentir-me preenchida? Porque me sinto a definhar? Porque sinto que sou a "Maria" (sem ofensa para as "Marias"), a que está lá mas que é invisivel... Todos precisam que ela faca as coisas mas nao olham para ela. Só percebem que ela faz realmente falta quando está numa daquelas depressoes que nao faz um caracol (ai sim... Nota-se e critica-se, nem que seja com o olhar).
Há mulheres que nao nasceram para fadas do lar e eu sou, definitivamente, uma delas. Dá-me prazer (muito) cozinhar, gosto de tudo arrumadinho e limpinho, mas fazer disso vida nao é para mim, e nao mesmo quando tudo no meu dia-a-dia gira a volta disso.
Gostava de poder respirar para fora desda concha. Gostava de mais na minha vida. Algo mais do que fraldas, toalhitas, aspirar, limpar pó, lavar chao e tentar educar os filhos. Vida tao rotineira e monótona que nada me dá em troca (a nao ser dores insuportáveis nas costas).
Nao conheco ninguém que nao critique pelo menos 1 vez o seu emprego, eu própria o fiz centenas de vezes quando estava empregada, mas era uma insatisfacao diferente. Tipo insatisfacao satisfeita, se é que me faco compreender. Uma coisa que faz parte da vida, mas isto que sinto é diferente (nao me enriquece!).
Tenho falta de afecto, a carga é muito pesada. Dou e recebo muito pouco...
Gostava de poder ter tempo para mim. Tempo sem pensar em tarefas rotineiras e que nao me preenchem. Gostava de tratar de mim. De andar sem destino. De cantar. De ir dancar. De namorar (ai que saudades de me sentir amada...). De me sentir especial e nao só mais uma. Quero sentir-me mulher e nao apenas parte do agregado.
Sei que me amas, mas falta-me ouvi-lo.
Sinto-me só e preciso que me facas companhia, que me namores, que me olhes com carinho, que sejas aquele que escolhi para meu par.
A vida torna-nos diferentes e nós mudámos... Muito... demais...
Quero voltar a partilhar, nao quero gerir o dia-a-dia, quero viver o dia-a-dia.
Principalmente nao me quero tornar uma pessoa vazia de ideias e ideais, de vontade e de ambicao.
E é tao dificil lutar contra esta sensacao de inércia, de sufoco, de falta de forca para fazer alguma coisa certa. Alguma coisa para mudar tudo isto... Pois quero, mas nao consigo... Sózinha nao consigo...
Ajudas-me?
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Tens de encontrar uma ocupação amiga.
ResponderExcluirNão és do tipo caseiro, estás a experimentar e não te estás a sentir bem por isso toca a fazeres por ser feliz ;)
Não que as toalhitas e as fraldas não sejam importantes, mas gostava mais de te ouvir dizer que te sentes feliz, completa e preenchida.
Quando precisares de um miminho toca à minha campainha ;) estou sempre em casa para te abrir a porta, já sabes! ;)
Concordo com a Kitty! Precisas de uma ocupação e tempo para ti!
ResponderExcluirEu, levo a minha Banitita ao colégio mexicano, depois venho para casa e tenho quase a manhã toda para mim! Digo quase, pois preciso de lavar a loiça do dia anterior e fazer o almoço! Nos outros dias é preciso por roupa a lavar e/ou limpar a casa. E o resto do tempo? Navego, navego até me doerem os dedos da mão direita em cima do rato... Navego e sonho, conheço e reconheço