25/04/2009

35 anos de Liberdade??????


Sou filha de Comunistas, sendo que a minha mae ainda é militante e será até morrer (o meu pai já faleceu), mas de facto desenvolvi um sentido muito critico em relacao a todas as formas de pensamento que nos limitam. Para grande desgosto da minha mae...
Hoje encontrei este artigo no JN que fala de 2 mulheres tao distantes na politica, mas tao perto na forma de estar: Teresa Caeiro (CDS-PP) e Helena Roseta (ex-PCP e ex-PS).

"Há 35 anos a mulher tinha um só papel: obedecer e calar

Filha e neta de militares, Teresa Caeiro tinha cinco anos quando os militares de Abril invadiram a liberdade. "Não lutei por ela, mas luto diariamente para a preservar. Entendo que a cada liberdade corresponde uma responsabilidade e entendo que ela não é um bem eterno." Essa consciência torna a deputada do CDS-PP avessa a revivalismos: "Não consigo imaginar-me numa História alternativa, sem liberdade de expressão, de escolha. Sem poder votar". O que teria acontecido, há 35 anos, em plena ditadura, a esta mulher de Direita que muitas vezes age como se fosse de Esquerda - defendeu o casamento homossexual contra a corrente maioritária do seu partido -, que não depende de uma figura masculina e gerou um filho fora da clássica moldura do matrimónio?

As duas décadas que separam a arquitecta Helena Roseta de Caeiro permitem-lhe descrever um cenário que imagina a resposta. "A repressão abatia-se sobre toda a gente. Mesmo dentro de casa. Às mulheres cabia um único papel: serem discretas, estarem caladas, obedecer". Quem transgredia regras pagava o preço. A vereadora da Câmara Municipal de Lisboa também recebeu a factura: primeiro foi despedida de um gabinete de arquitectura "por ter denunciado a Cesário Borga, jornalista, um bairro clandestino de Lisboa; depois, em 1973, foi detida pela PIDE. Tinha 26 anos e o episódio, confessa, parece-lhe ter sido já "noutra encarnação". Mas essa distância que a repulsa ao regime parece ter tornado maior não esbateu a memória do medo: "Toda a gente tinha medo de tudo - mesmo eu, que sou uma inconsciente, tinha medo de ser seguida, abordada, chateada. Tinha medo de falar".

Roseta, acérrima defensora dos direitos das mulheres, concretiza a afirmação. "Antes do 25 de Abril, não estaria ao telefone consigo. E se estivéssemos numa mesa de café, caso raro, calar-nos-íamos se aparecesse alguém". Era assim, "havia muros". Mas nem todos os muros foram derrubados pelos cravos: "Antes, o muro era a ditadura e a guerra; hoje é o desemprego e a crise. Não sei qual é maior", assenta para logo ressalvar que não é "assim tão céptica". O que incomoda a ex-militante socialista "é que nem sempre a liberdade de falar signifique intervir, signifique mudar".

Teresa Caeiro não a ouve, mas não podia estar mais de acordo. "Preocupa-me a qualidade da liberdade que exercemos. De que serve podermos falar se não podemos escolher a saúde, a justiça, a educação que temos?", questiona. "De que serve terem conquistado por nós o direito de votar se hoje tantos colocam nas mãos de outros as decisões que podem ser suas?" E remata: "A liberdade não é fazer aquilo que queremos; liberdade é fazer aquilo que devemos.""

in: JN online


De facto o 25 de Abril (que faz hoje 35 anos e menos 2 do que eu farei em 5 dias...), mudou muita coisa em Portugal, mas será que o Portugal hoje está assim tao diferente do Portugal de ontem?? Do Portugal dos meus avós, dos meus pais??
As dificuldades na vida, sejam elas provocadas pela crise, pelo desemprego, pela falta de tempo que temos para nós e para os outros, pela crise de valores e de sentimentos, nao serao as mesmas? Nao estremos nós a precisar de um outro 25 de Abril, mas este que nos abra os olhos, que nos torne mais ambiciosos (no bom sentido), que nos obrigue a olhar para o outro, que nos de novos valores e objectivos de vida??
25 de Abril, sempre! Já dizia a minha mae, mas sempre, mesmo!! Nao só neste dia, mas em todos. Devemo-nos lembrar do que já passámos para tentar fazer melhor. É isto que nos falta!

Nota de rodapé: Com 3 aninhos andava eu á volta da mesa da sala dos meus avós, de vassora na mao, a cantar:"Avante camarada, Avante!". Rapidamente me passou.... Mas o espirito de revolucionária está cá!

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