17/03/2009
Pai do coracao
Um comentário da Sofizita no meu anterior post, provocou-me esta enorme vontade de falar acerca de todos os pais que se esquecem dos seus filhos assim que deixam de partilhar o tecto diário com eles...
Nao querendo de forma alguma ofender aqueles pais que sao PAIS, o facto é que conheco progenitores demais... Progenitores sao os que dao a semente, mas nao sao os que dao amor... Os que dao amor sao PAIS!
A vida dá muitas voltas, e unioes que parecem para toda a vida, de repente... Nao foi de forma alguma o meu caso. A minha relacao com o pai do meu primeiro filho estava condenada desde o prmeiro dia. Condenada pelo peso de um anterior casamento (dele) com uma filha (linda e muito carente a quem dei todo o meu amor), com uma mulher que nao conseguia aceitar que estava divorciada e por isso mandava nas nossas vidas de formas indescritiveis... Passei 5 anos muito dificeis e que me levaram á quase loucura. Depois de ser mae pela primeira vez, fomos (eu e o meu bébé) abandonados, desprezados e esquecidos, até termos forca para lutar e sair. Sair da NOSSA casa, com quase nada. Mas com muito amor e alguma forca para vencer o que estava ainda para vir.
Infelizmente as mentalidades ainda estao muito perto da tacanhice e, até da familia mais próxima, ouvi coisas do tipo "para minha casa, nao! Tens que resolver os teus assuntos dentro de casa". Foi tudo muito dificil... Como se remasse sempre contra a maré, com toda a gente a fazer jogo duplo e a tentar dar comigo em louca. Desde presseguissoes, a telefonemas anónimos, a tudo o que sempre pensei ser apenas do foro cinematográfico, me aconteceu.
Nessa longa caminhada da separacao, encontrei alguém que me percebia, que falava a minha lingua, que sabia o que era ter pai progenitor e Pai do Coracao. Um Pai que nao é Pai de sangue, mas que dá tudo por nós, que faz o papel de Pai melhor que ninguém. Sim ele sabia o que o meu Du iria passar e deu-me muita forca, muita coragem e por fim... Todo o amor que eu poderia desejar...
O pai progenitor do meu Du nem sabia o que o filho comia, quando dormia e o que gostava de fazer.. E eu fim-de-semana sim, fim-de-semana nao, lá tinha que preparar o "farnel" para o meu bébé com 18 mesinhos, levar para o pai Progenitor, para nao passar fome. Fins de semana esses que ele o levava, tao somente para me fazer mal... Para me privar da companhia do meu bem mais precioso. Sofri horrores.. Eram dias em que tomava autenticas bombas para me fazerem dormir os 2 dias seguidos, sem acordar... Foi muito duro e, sem a companhia deste meu anjo da guarda, nao teria aguentado a pressao e teria acabado... Nem sei...
Esse pai progenitor que tinha uma máxima que era "longe dos olhos, longe do coracao" e eu nem sabia o quanto essa máxima iria ser a sua máxima no que diz respeito ao seu filho...
Ontem ele fez aninhos, 9, tao gande o meu filhote... E esse progenitor, ligou ás 6 da tarde para dar os parabéns porque tinha que ser rápido ("estou a ligar do telemóvel") e para dizer que a vida está má e que, por isso, o presente que tinha sido prometido ficava sem efeito....
A vida nao pode ser feita por coisas materiais, eu sei, mas nesta relacao, há nada de amor e muito pouco de material...
Para mim, a pergunta dele (progenitor),foi "aguentas-te se eu nao te pagar a pensao? Mas eu gostava tanto que o Du tivesse o trampolim nos anos..."
Mas que raio!! Há 7 anos que nos aguentamos com uma miséria de pensao que vem quando o rei faz anos e com muita pressao da nossa parte! Nunca, mas nunca nos atrevemos a pedir o que quer que fosse! Nunca!
Mas desta vez nao me substitui ao pai, nao dei o trampolim... O meu Du está crescido e agora percebe que afinal aquele pai nao é de confianca! É triste, mas ele tem um PAI do Coracao aqui mesmo ao esticar do braco, que nunca lhe falta com nada! Dá-lhe muito amor, carinho, é seu o companheiro, o seu confidente, a companhia da bola, dos jogos PS2 e Wii, foi ele que o ensinou a andar de bicicleta, foi ele que lhe tirou o medo de se sentar na sanita para fazer cócó, foi ele que esteve presente em todos os momentos marcantes da sua vida.
Como gostamos de ti... PAI DO CORACAO!!
E a todos esses pais que desprezam os filhos, desprezo por ausencia, por falta de participacao activa nas suas vidas... Voces é que vao sofrer um dia, pois quem nao sabe amar um filho, nunca vai ser verdadeiramente amado e vai acabar sózinho...
Esta é uma filosofia de vida que nao compreendo, pois fiz e faco e farei, sempre, todos os sacrificios pela felicidade dos meus filhotes, sem pestanejar.
Nós maes nascemos com o tal instinto maternal, já os homens, apenas desenvolvem o instinto paternal com a convivencia... Ou nao!!!
Por muito que seja esta a realidade da vida do meu filhote, continuo sem perceber como é possivel alguém conseguir deitar a cabeca na almofada e dormir sem saber como está o seu filho... Eu nao conseguia... Eu nao o faria... O PAI DO CORACAO também nao...
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Sabes amiga, muitas vezes eu sou criticada pelos meus amigos mais chegados por tentar encontrar sempre um motivo para as atitudes das pessoas pq sei que não sou ninguém para apontar o dedo a quem quer que seja. Assim sendo, não aponto o dedo a esse senhor que fez o Duarte, acho que a própria vida e o próprio Duarte um dia vão acabar por mostrar a esse senhor todos os erros que ele comete e cometeu.
ResponderExcluirNo fundo, apesar de tu e o Duarte terem vivido uma história de vida complicada, conseguiram encontrar o caminho da felicidade. O Duarte ganhou um PAI e tu um marido à tua altura. Isto é a prova que Deus não dorme e que mais tarde ou mais cedo acabamos sempre por colher os frutos bons das coisas, pois quem pratica o bem colhe o bem.
Não tenho de fazer considerações sobre o teu marido ou sobre o senhor que fez o Duarte, mas se me permites a opinião, acho que o Duarte não tem um pai do coração, tem antes um PAI que é o teu marido e tem na vida dele um senhor que juntamente contigo o trouxe ao mundo a quem nunca se poderá chamar de pai.
É triste uma criança da idade dele passar por estas coisas, mas tenho a certeza que tanto tu como o PAI do Duarte o estão a educar por forma a ele ser uma criança feliz e bem resolvida, espero muito francamente que o vosso filho seja uma criança de bem com a vida, se assim for, provavelmente um dia quando ele for mais crescidinho esse senhor que o fez nunca virá a ter a categoria de um simples "conhecido" quanto mais de um amigo ou num grau mais elevado de pai.
Continuo a dizer aquilo que anteriormente te disse: Um forte e elevado aplauso ao teu marido que tem essa capacidade tão bonita de amar, de ser um excelente marido e um PAI 6 estrelas.
Obrigada minha querida. É isso mesmo... Tive uma sorte do caracas!! Eu e o meu Du...
ResponderExcluirAgora olhamos para trás e pensamos... Como foi possivel...
Ás vezes precisamos de amargar para podermos dar o real valor ás coisas.
Este post é marcado pela tua própria experiência. As generalizações neste campo são muito "perigosas".
ResponderExcluirSou Pai (uso sempre a maiúscula) de quatro crianças com as quais não vivo e, muito embora me apetecesse dizer algumas coisas em relação ao que escreves, vou evitar fazê-lo para não parecer que me estou a "defender" ou a "atacar" as Mães. Mais que não seja, por um profundo respeito que tenho pela Mãe dos meus filhos.
Mas é impossível não te dizer que, percebendo que o que aqui escreves respeita ao Pai do teu filho mais velho, custa muito ver demasiadas vezes repetido este esteriótipo do Pai. Custa por ser injusto. Custa por não me parecer, sequer, estatísticamente relevante.
As escolhas ficam sempre connosco, sabes? A escolha do Pai que não consegue mais viver com a família - e, geralmente, não é por causa da relação com os filhos mas sim por causa da relação com a mulher/namorada - mas também a escolha daquele Pai para os filhos. Porque é que as Mães tendem sempre a esquecer-se que, admitindo excepções, a escolha do Pai foi delas? Ou, reformulando, não foi nunca das crianças?
Alf, tenho mesmo qeu te responder, pois é isso mesmo... Generalizo, sem o querer fazer, pois conheco muito mais pais que se desligam do que ao contrário. Mas faco uma vénia aos que optam por amar os seus filhos em vez de os afastarem de si porque a relacao com a mae deles deixou de fazer sentido.
ResponderExcluirO maior peso que carrego na minha consciencia é a de ter tido a nocao de que a minha relacao com o pai do Duarte estava condenada e mesmo assim deixei que ele fosse o pai dele. Aqui faco "mea culpa"!
Aos Pais que nao se desprendem dos filhos quero dizer "well done". Eles merecem isso e muito mais...
Conseguimos ter relacoes civilizadas com chefes e vizinhos que nos atormentam, mas nem sempre conseguimos relacoes civilizadas com os pais/maes dos nossos filhos em nome da sua felicidade. porque será??
Infelizmente Alf, conheco muitas (demais) realidades parecidas com a do meu Duarte...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTasha, este post disse-me muito, pois tenho na minha família alguém muito próximo que passou pela mesma privação de pai, mas que ganhou um padrasto/pai maravilhoso. Nunca consegui entender como é que o homem que tinha contribuído fisicamente para gerar uma filha, nunca, mas nunca quis saber dela. Ela sempre foi uma criança revoltada e calada. Eu sempre soube porquê. Porque na cabeça de uma criança, por muitos padrastos e amor familiar que tenha, nunca entende porque é que foi ignorada pela pessoa que mais a devia amar, acarinhar, apreciar. No dia em que fez 18 anos foi bater à porta de casa do pai e perguntar-lhe isso mesmo, porque é que nunca quis saber dela...
ResponderExcluirQue merda de pessoas são estas que conseguem enfiar a cabeça na almofada à noite sabendo que são responsáveis por tamanhas feridas no coração de um filho? Feridas que, por muito amor que se dê, nunca vão ser saradas.
Tens feito o teu papel maravilhosamente, só é pena que nós mães, não possamos sentir as dores deles também...
Ana C., nem imaginas como queria sofrer por ele... Como queria que tudo fosse diferente...
ResponderExcluirMas sabes uma coisa Tasha. Tenho a certeza que um dia o teu filho ainda te vai agradecer por lhe teres dado um PAI na verdadeira ascenção da palavra. Nesse dia vais ter a certeza que o teu papel de mãe foi bem cumprido. Afinal de contas um PAI é isso mesmo que o teu marido tem sido, um PAI é aquele que cuida, que joga PS, que brinca, que ralha, que mete respeito, que dá castigos, que adora, que chora, que ri, e sobretudo que é amigo e AMA.
ResponderExcluirO teu filho é um sortudo, tem uma super-mãe e um super-pai :) que ou é de mim ou são uns pais galinha :)
Mudando de assunto... cá da foto do bolo do Duarte? :)
Kitty, Nem queiras ver o Bolo do Duarte... O puto nao gosta de bolos enfeitados e com coberturas... Pediu um bolo de chocolate simples e redondo. Eu comprei umas velas que sao bolas de futebol e nem colavam ao bolo... O gajo assoprou e as velas quase foram parar ao chao... Desgraca!!
ResponderExcluirlollol És uma desgraça Natasha Maria :) ahahaha Mostra lá a foto, mais que não seja para a malta rir um bocadinho ahahaha
ResponderExcluirOu é de mim ou a tua Bimby desta vez não se portou bem :)
A bimby portou-se lindamente. O bolo é que esta sem graca nenhuma porque nao está enfeitado... Bolo de chocolate simples, entendes? Podia ser bolo de anos ou de outra coisa qualquer... E nao tenho foto dele... Nao tirei, pura e simplesmente!
ResponderExcluirTasha:
ResponderExcluirAinda bem que tu e o teu pequenito tiveram a sorte de encontrar um homem bom. Isso é o que ele agora precisa, um amigo, um companheiro, uma pessoa que gosta e que se preocupa com ele. É natural que um dia sinta alguma revolta em relação ao progenitor, mas teve quem lhe desse amor. Isso é muito importante. Era muito mais traumatico para ele se não tivesse nenhum. A melhor mãe do mundo não consegue fazer os dois papéis. Ainda bem que tens quem faça (e bem) o papel de pai. Tu só tens que ser mãe. Isso é bom. Desejo as maiores felicidades para a vossa família. Beijinhos
Tasha e Alf, têm os dois razão. Cada caso é um caso. Não vale a pena generalizar porque as estórias de vida nunca são iguais. E quando no outro post eu disse "Raios partam os pais que se esquecem dos filho", deveria ter dito "pais e mães". Tenho uma colega de trabalho que foi literalmente abandonada pelo ex-marido. Ela e o filho. O pai é um figura completamente ausente por opção. Por outro lado, tenho uma explicanda que tem um dos meio-irmãos que vive com o pai porque simplemente a mãe não ficar com ele. É duro!
ResponderExcluirE em relação a formandos nem conto os casos de pais/mães que não querem saber dos filhos. E estes crescem por aí, ao Deus dará com uma tia, uma avó ou uma prima. Mas esses casos extremáticos eu chamo-os de miséria social.
Fico muito feliz pela vossa família por estarem felizes e se amarem assim! Parabéns à happy family! Gostei do teu texto.
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